quinta-feira, 29 de outubro de 2009

INGÁ monitora qualidade das águas de Caetité e Lagoa Real





Mais uma campanha de análise da qualidade das águas da região de Caetité foi realizada pelo Instituto de Gestão das Águas e Clima (INGÁ), no âmbito do Programa Monitora. O objetivo é acompanhar a possível contaminação por urânio das águas superficiais e subterrâneas utilizadas para consumo pela população dos municípios de Caetité, Lagoa Real e Livramento de Nossa Senhora, no Sudoeste do Estado.

Nos últimos dias 22 e 23 de setembro, técnicos do INGÁ, junto com o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento do Estado da Bahia (Ceped), coletaram amostras de água em 15 pontos utilizados pela comunidade para abastecimento humano nessas localidades, como poços, torneiras públicas, cacimbas onde é extraída água subterrânea, e ainda lagoas e açudes.

O resultado da avaliação será divulgado no final do mês de outubro junto com o relatório da coleta.A coleta foi realizada nos seguintes pontos: município de Caetité; Açude Cachoeirinha, conhecido como Tanque do Governo; Torneira pública (chafariz) de Maniaçu, que abastece o povoado, em Caetité; Barragem Wilson Gouvêa, em Caetité; Torneira pública da Praça de Juazeiro que abastece o povoado de Juazeiro, em Caetité; Fazenda Piol (Caetité); Caixa d’água da fazenda, próximo ao povoado de São Timóteo; Município Livramento de Nossa Senhora, Tanque do Governo, que abastece parte do povoado de São Timóteo; Riacho Lagoinha (Livramento de Nossa Senhora); Lagoa da Ipuca, próximo ao município de Lagoa Real; Próximo ao povoado de Salina; Próximo ao povoado de Goiabeira; margem da Lagoa Grande, em Lagoa Grande; Lagoa Real - Poço tipo amazona (cacimba), em frente ao Colégio Dom Eliseu; em Lagoa Grande; município Lagoa Real - Vila Taperinha de Lagoa Grande; Tanque de armazenamento e distribuição de água à população local do município de Lagoa Real.

A organização não governamental internacional Greenpeace denunciou, em outubro de 2008, que havia contaminação de urânio nas águas na área de influência da mina explorada pela empresa Indústrias Nucleares do Brasil (INB), oferecendo risco de saúde à população. Após a denúncia, o INGÁ tem acompanhado a situação das águas da região, através do monitoramento regular e constante da qualidade da água dentro dos parâmetros de urânio e radioatividade.

Coleta trimestral Desde outubro, foram realizadas seis coletas trimestrais na região, e estão previstas novas campanhas permanentes, dentro do âmbito do Programa Monitora – que avalia a qualidade das águas dos cem maiores rios do Estado. Em todas as campanhas, o resultado mostrou que os níveis de urânio encontrados em um dos pontos são insignificantes, bem abaixo do que determina a resolução de potabilidade 518 do Ministério da Saúde, ou seja, não apresentam riscos à saúde humana. Isto porque o urânio está naturalmente presente no solo da região há milhões de anos.

Segundo Hérica Coelho, técnica de monitoramento hidrológico do INGÁ, os pontos de coleta realizados na campanha foram definidos considerando os vetores de dispersão. “Para este trabalho, foi essencial a análise da direção do vento e o curso da água e ainda a localização das minas de urânio, priorizando o uso da água para fins de abastecimento humano e os resultados das coletas trimestrais”, explica. Para monitorar a qualidade da água da região, o INGÁ coordenou a coleta realizada pelo Ceped.

As amostras de água foram enviadas para o Instituto de Pesquisa e Energia Nuclear (Ipen), que é responsável pela análise e monitoramento para verificação da contaminação por radioatividade dos poços da região. As análises dessas águas seguem os parâmetros de PH, temperatura, urânio total e radiação alfa e beta. De acordo com Maura Pezzato, consultora do INGÁ, a comunidade e órgãos públicos municipais foram essenciais para aprimorar o estudo da drenagem da região e no levantamento da área que recebe a contaminação.

“O monitoramento contou com o apoio das prefeituras, que indicaram os locais, e com a colaboração da população, que auxiliou na procura dos pontos de difícil acesso, além de ser bem receptiva com a equipe”, diz.Novas investigações serão feitas Para aprimorar o estudo das águas subterrâneas de Caetité e Lagoa Real, o INGÁ firmou parceria com pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) através da Câmara Técnica (CT) Hidro e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) para a realização do mapeamento hidrogeológico da região de Caetité.

O objetivo é determinar os detalhes dos padrões de escoamento da água subterrânea, que se estenderá ainda por várias regiões do Estado da Bahia. O Governo da Bahia vem adotando uma série de providências articuladas com demais órgãos do Estado para o atendimento das demandas ambientais e de saúde da população de Caetité.

No último dia 1º, foram definidas estratégias e atribuições específicas de ação de monitoramento das águas de Caetité e Lagoa Real envolvendo a participação de demais órgãos do Governo, como IMA, SUVISA (DIVISA, CESAT, DIVEP, DIS e LACEN), SAIS (DAB, Diretoria da Rede Própria), DIRES, EMBASA, CERB, CAR e UFBA.Histórico Diante da denúncia feita pelo ONG Greenpeace que alguns poços de água estavam com concentração de urânio acima dos padrões permitidos pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) e pelo Ministério da Saúde, o Governo do Estado da Bahia, através do INGÁ agiu de imediato.

O INGÁ junto ao Senai/Cetind, realizou a primeira coleta de amostras de água em sete pontos utilizados pela população do município de Caetité, em 22/10/2008, para detectar o excesso de urânio, com a ajuda também do Instituto do Meio Ambiente (IMA). A contaminação foi encontrada apenas no poço 67, situado em uma propriedade privada e utilizado para consumo por cinco famílias do distrito de Juazeiro (Caetité-BA), em período de escassez, não sendo a principal fonte de abastecimento da comunidade.


O poço 67 não estava dentro da relação dos pontos avaliados pelo Greenpeace. Ele foi incluído pelo INGÁ na análise diante do uso da comunidade. O poço 67 foi interditado pela Coordenação de Defesa Civil do Estado da Bahia (Cordec). O motivo do fechamento foi a identificação de urânio acima do recomendado pela resolução CONAMA 357/05, com concentração de quase cinco vezes acima dos limites mínimos permitidos pelas leis federais sobre o tema, representando riscos à saúde humana e ao meio ambiente.


A decisão em suspender o consumo da água deste poço 67, foi tomada como precaução pelos órgãos de meio ambiente e saúde do Governo do Estado da Bahia, que juntamente com a Prefeitura Municipal de Caetité promoveram o abastecimento de água alternativo para a região.O órgão gestor das águas em outras campanhas confirmou que os demais poços não tinham contaminação, assim como na primeira campanha, não tendo nesta oportunidade realizado coleta e análise da água do poço interditado, por este se encontrar lacrado.

Fotos: Maura Pezzato.

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