terça-feira, 29 de setembro de 2009

Encontro fecha ciclo de pesquisa sobre os impactos dos grandes projetos

Aconteceu em Vitória da Conquista o Encontro Regional das Populações Impactadas, entre os dias 17 e 19 de setembro. O evento foi articulado pela equipe da CPT Sul/Sudoeste e contou com a presença de mais de 40 pessoas, vindas de 20 municípios, entre representantes de comunidades, sindicatos, paróquias, movimentos sociais, associações e pastorais sociais das dioceses de Caetité e Itabuna e da Arquidiocese de Vitoria da Conquista. O encontro surgiu da necessidade da articulação entre as populações com os quais a CPT Equipe Sul/Sudoeste vem trabalhando no último semestre. Os trabalhos realizados até então se encaminharam no sentido de diagnosticar impactos e ameaças de grandes projetos de mineração, plantio de eucalipto e dos agrocombustíveis, nas regiões entre Malhada e Itabuna, e, também na formação de Comissões de Meio Ambiente que já iniciaram discussões e ações diante das problemáticas de cada localidade.

No primeiro momento do encontro foram socializados os resultados dos mutirões e visitas que aconteceram de fevereiro a agosto de 2009 em 29 municípios, visitando 133 grupos de base além de entidades e empresas da região. Nos mutirões foram detectadas ameaças como a perspectiva para o plantio de 12.000 hectares de dendê entre os municípios de Una e Santa Luzia somado a implantação de uma unidade de beneficiamento e processamento do fruto, a apropriação de terras públicas nos municípios de Tremedal, Condeúba, Cordeiros e Piripá para o plantio de eucalipto e um projeto de tomada de água do rio São Francisco, em Malhada, para beneficiamento do minério de ferro nos municípios de Caetité e Pindai, pela empresa Bahia Mineração, dentre outros. Diante do diagnóstico, foi feita uma discussão sobre a compreensão do atual projeto de desenvolvimento que exclui toda e qualquer possibilidade de reprodução e desenvolvimento da vida, pois se baseia meramente no lucro, virando as costas para saberes e modos de vida existente nas comunidades suprimidas pelo capital.

Em contrapartida, o encontro serviu para dar bases para a construção de cenários propícios ao sonho do projeto popular. Foram apresentadas experiências exitosas de organização popular como a mobilização dos moradores de Guirapá para a participação na audiência pública IMA/BAMIN se posicionando contra o empreendimento de exploração de minério de ferro, a lei de iniciativa popular de regulamentação de plantas exóticas do município de Santa Luzia, visando conter o avanço indiscriminado de monocultivos de plantas exóticas como eucalipto no município, o modelo de produção camponesa da comunidade Taquaril dos Fialhos, em Licínio de Almeida, com base nos princípios agroecológicos e o modo de vida e decisão coletiva na comunidade quilombola Tomé Nunes, município de Malhada. As experiências serviram para se pensar quais as prioridades para se chegar ao projeto popular e o caminho a ser trilhado.

O encontro possibilitou ainda a socialização de potencialidades das populações, reforçando a luta e estabelecendo um processo em rede. Neste sentido, foi ressaltado o modo camponês de trabalhar a terra (diversificação de culturas, plantio de hortaliças, criação de pequenos animais); a retomada das terras que estavam nas mãos de plantadores de eucalipto por parte de pequenos agricultores; produção de biscoito em Belo Campo, gerida por mulheres que são associadas na Coopermam, com matéria prima local; Comissões do Meio Ambiente formadas e atuando; comunidades discutindo a identidade, algumas buscando o reconhecimento como comunidades quilombolas e outras tentando afirmar e resistir enquanto comunidades camponesas.

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